segunda-feira, 18 de outubro de 2010

MOSAICO
Muito bem lapidado...
Polimento incomparado...
Forma perfeita...
A obra prima estava feita...
Incentivado a acreditar, gerado para confiar...
Criado para amar...
Orientado a perdoar...
Do lado esquerdo do peito...
Estava ele sem defeito...
Esperava receber em dobro aquele todo seu tesouro...
Mas a vida resolveu dizer não...
Resolveu andar na contramão...
Aquele que era inteiro partiu-se por inteiro...
De sua doce ingenuidade...
Restaram lembranças e uma saudade...
Sempre aberto e confiante...
Deram-lhe um golpe perfurante...
Acreditando sempre...
Confiando sempre...
Se entregando sempre...
Foi sendo pisoteado, aproveitado e usado por muitos seres viventes...
Então se endureceu...
E com as várias quedas, partiu-se...
Fragmentos de lembranças...
Pedacinhos de confiança...
Estilhaços de sentimentos...
Rasgos de ressentimentos...
Completamente estilhaçado...
Opaco e destruído...
Desformemente imperfeito...
Tudo estava desfeito...
Restou reajuntar...
Restou tentar colar...
Ficou meio arcaico...
Tornou-se o meu MOSAICO...

Euler Rocha

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ENTRE MOINHOS
Entre os moinhos da Holanda eu me senti muito só.
Muito vento, muita água, e uma solidão que dava dó.
Entre os moinhos da Holanda, eu passei a pensar na vida.
Muitas coisas aconteceram, que me abriram uma ferida.
Entre os moinhos da Holanda, eu percebi que estava longe...
Longe do céu azul, longe da cor de anil, longe do meu Brasil.
Entre os moinhos da Holanda eu procurei a amizade....
Bons e maus se achegaram, outros deixaram saudade.
Entre os moinhos da Holanda eu voltei a escrever...
Escrever sobre a vida, sobre o tempo...... sobre o que tem que ser.
Sentimentos afloraram, pois a inspiração vem no doer...
Mas não foi só tristeza, não foi só decepção...
Entre os moinhos da Holanda....
Eu enchi meu coração.
O enchi de uma certeza, de que tudo tem a sua beleza...
Vencer se tornou convicção.
O otimismo não ficou só na intuição...
Viver passou a ser pra valer...
O renascer veio com cada amanhecer...
Entre os moinhos da Holanda...
A bela certeza de vencer renasce a todos os dias...
Pois entre estes moinhos, até os tristes poemas, se tornam melodias.

Euler Rocha

quarta-feira, 10 de março de 2010

Lutando contra a vida

A vida arranha e eu assopro.
A vida derruba e eu levanto...
A vida esbofeteia e eu não faço cara feia...
Ainda não a convenci de ser doce comigo...
Ainda não consegui que ela pare de me dizer não...
Ela diz não, eu digo sim...
Às vezes ela é cruel, mas ao plano de ser feliz, eu continuo fiel.
Por isso eu não desisto...
Por isso eu insisto...
Por isso eu persisto...
Só a outra face vai me fazer parar...
Porque terá chegado o fim...
Mas até lá não me darei por vencido...
Não deixarei que ela passe sem que eu tenha conseguido...
Não deixarei que ela passe e eu seja esquecido.

Euler Rocha

sábado, 9 de janeiro de 2010

Esperança renovada...

Voltei ao meu eixo...
Voltei a esperar aquele antigo desfecho...
Outra vez seguro das minhas convicções...
Colocando em prática as antigas decisões...
Decidi recuperar os sonhos esquecidos...
E correr atrás daquilo que foi banido...
Reativar o sonho de ser feliz...
E olha... Não desisti por um triz!!!
Quase arranquei a árvore pela raiz...
Quase implodi aquilo o que em anos construí....
Mas retomei as rédeas....
Refiz as contas e tirei as médias...
E a decisão final foi manter a coluna vertebral...
Chutei o pau da barraca, mas agora preciso de novas estacas.
O novo ano chegou e com ele zerei o velocímetro da esperança...
Ela tá novinha, com um ronco forte no motor, com mais cavalos de potência...
Tá renovada a paciência, está reformada a consciência....
Diante da imensidão do mundo, aquilo que preocupa, que tira a paz se torna tão pouco profundo.
Que venha ele, o mundo, que venha o imundo...
Que venha a correnteza, e as incertezas...
Que venham as adversidades, as rugosidades...
Tudo isso será apenas um disco furado.
Tudo já foi vivido no passado.
Realizar é o lema...
Felicidade é o tema...
Voltei ao meu eixo...
Com a esperança renovada luto pelo meu feliz desfecho.

Euler Rocha

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Tempo que me intriga...

O tempo vai dizer quem eu sou...
Ele já começa a dizer o que sou...
Ele me intriga...
Ele me instiga...
Passa e não volta, mas está presente...
Nem o vi passar.
Nem percebi as rugas...
Nem caminhei na chuva...
Nem plantei um pé de uva...
Mas ele passou...
Ele curou as feridas...
E me deu de presente, duas vidas.
Ah, que louco este tempo!!! Na cabeça só tem vento....
Me distraí e de repente foi o tempo.
Ele realmente não para, de repente o futuro se depara.
Ele me intriga, porque ele não briga.
Mas apenas vence.
Nem tente, nem pense, ele vence.
Ele passa e faz a vida passar, mas ao mesmo tempo permanece.
É louco, é rei e não importa se eu errei, ele passou e nem notei.
Eu aprendo, eu cresço, mas o erro tá feito, ele passa, seu motor não tem defeito.
Ele não tem amigo, ele não precisa de abrigo...
Todos se vão e ele fica, ele permanece e não se danifica.
Ele faz germinar e faz deteriorar...
Ele não é amável, mas sim implacável... Nunca perdoa, tão pouco se doa...
Passa mais devagar, se você está a toa.
Passa voando se você tá labutando...
Passa por cima, se você desanima...
Enfim, ele vai dizer quem serei eu...
Só ele vai ser capaz de decifrar seu próprio estigma.
Só ele vai ser capaz de decifrar o meu enigma.

Euler Rocha